terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A Caminho da Biblioteca 2.0

O termo Biblioteca 2.0 foi criado por Michael Casey em 2005 e em 2006 Maness aponta quatro características que definem este conceito de biblioteca: centrada no utilizador. O utilizador participa na criação de conteúdos e serviços disponibilizados na Web pela biblioteca; disponibiliza uma experiência multimédia. Tanto as colecções como os serviços da biblioteca 2.0 contêm componentes, vídeo, áudio, realidade virtual; socialmente rica. Interage com os utilizadores quer de forma síncrona (por ex. IM – mensagens instantâneas) quer de forma assíncrona (por ex. wikis); inovadora ao serviço da comunidade. Procura constantemente a inovação e acompanha as mudanças que ocorrem na comunidade, adaptando os seus serviços para permitir aos utilizadores procurar, encontrar e utilizar a informação.

A biblioteca 2.0 resulta da conjugação de três factores interligados entre si, e que estão na origem da noção de Web 2.0: ferramentas, conteúdo social e atitudes.
Quanto às ferramentas, destacamos:
• o blogue é uma ferramenta excelente para as bibliotecas escolares: permitem dar forma a uma espécie de diário da biblioteca, registando as actividades desenvolvidas ou a desenvolver, divulgando novidades, lançando desafios, e proporciona alguma interacção com os utilizadores, quer assíncrona, por exemplo através dos comentários, quer síncrona, mediante aplicativos de mensagens instantâneas;
• o wiki permite criar, editar, apagar ou modificar o conteúdo de uma página web, de uma forma interactiva, fácil e rápida. As BE podem desenvolver projectos de dinamização da leitura recreativa e da escrita, promover o ensino de literacia da informação ou estabelecer outras formas de interacção com os seus utilizadores;
• RSS - Agregação de conteúdos permite a agregação de notícias ou outras informações/conteúdos contidas em páginas Web. O RSS pode também ser usado na página ou no blogue da biblioteca para disponibilizar fontes de informação externas ou para receber actualizações de outras bibliotecas, outras escolas e instituições. Esta tecnologia permite igualmente distribuir conteúdos audiovisuais e multimédia, mediante podcasting ou videocasting.
• Redes sociais virtuais. O objectivo de uma rede social virtual é permitir ao utilizador expressar-se de um modo pessoal e contactar com outros indivíduos que partilhem interesses semelhantes. Assim, os sítios Web destinados à interacção social virtual estão especificamente desenhados para os utilizadores partilharem informações acerca de si e convidam, na sua grande maioria, ao envolvimento de terceiros, através da possibilidade de comentar os diversos elementos colocados nessa página pessoal. As mais populares: Mysapce, o Facebook, o Orkut, o Twitter, etc.

A utilização de redes sociais na biblioteca permite fazer a prevenção de alguns perigos, promovendo uma utilização responsável e segura das redes sociais, sobretudo entre os mais jovens e permite a promoção da literacia da informação, não podemos ignorar aquele que é hoje um dos mais fortes canais de comunicação dos jovens e onde eles obtêm e partilham informação de todo o tipo. As redes sociais permitem à biblioteca chegar onde estão os utilizadores, estabelecendo uma relação mais próxima com eles, ao propiciarem a comunicação em ambas direcções, dando assim a possibilidade de os alunos comunicarem connosco e permitindo que estejam mais predispostos a «ouvir-nos» num ambiente que é do seu agrado. As redes sociais facilitam a dinamização de actividades e a oferta de conteúdos em diferentes formatos (imagens, vídeos, texto, etc.), além de proporcionarem uma maior visibilidade da biblioteca na Web (chegando provavelmente a novos utilizadores), constituindo uma excelente ferramenta de marketing.
Relativamente ao conteúdo social, a biblioteca 2.0 oferece aos utilizadores participação em vez de somente informação. Esta participação pode ser feita de uma forma muito variada, e o envolvimento dos utilizadores permite colocar a inteligência colectiva ao serviço da biblioteca. Serviços de atendimento on-line, catálogos personalizados pelo utilizador, a possibilidade de comentar e avaliar o catálogo e os serviços, a etiquetagem de recursos feita pelos utilizadores (socialização da indexação). Ao implicar o utilizador, a biblioteca abre-se à comunidade e torna mais fácil a sua adaptação às necessidades do seu público. São já muitos os serviços Web 2.0 concebidos especificamente para bibliotecas, de que podemos destacar, no âmbito da catalogação social, por exemplo, o LibraryThing e o Shelfari, no âmbito dos gestores sociais de referências bibliográficas o Citeulike e o Connotea, e no Opac social o Primo e o Encore.
Quanto às atitudes, a Web 2.0, mais do que um serviço, é uma questão de atitude, que se traduz, para as bibliotecas, num novo posicionamento: estar onde estão os utilizadores, aproveitar a inteligência colectiva, abrir-se à contribuição dos utilizadores. Esta mudança de atitude significa também que os serviços de biblioteca terão de mudar, centrando-se mais na facilitação da transferência da informação e na literacia da informação do que em fornecer acesso controlado aos recursos.
Assim, o verdadeiro desafio será o de deixar de ver as bibliotecas como centros de disponibilização de recursos e torná-las verdadeiros centros de conhecimento, ao serviço da aprendizagem e do currículo e à biblioteca escolar cabe uma tarefa determinante: incentivar e acompanhar/apoiar a escola na mudança. Necessária, mas sempre tão difícil!

P.S: A BE A Casa de Camilo utiliza já várias ferramentas da Web 2.0, a saber: blogue, facebook, twitter, delicious, diggo, slideshare, slide, catálogo em linha, youtube, calaméo, issu, etc.


António Pires
Coordenador da Biblioteca Escolar A Casa de Camilo

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